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Estabelecendo indicadores estratégicos de Saúde e Segurança no Trabalho


Estabelecendo indicadores estratégicos de Saúde e Segurança do Trabalho

Já dizia William Edwards Deming:


"Não se gerencia o que não se mede,

não se mede o que não se define,

não se define o que não se entende,

não há sucesso no que não se gerencia."


Logo, uma gestão estratégica e orientada a resultados deve estabelecer objetivos e metas, constituindo assim a base para o processo de melhoria contínua. Neste caso, os indicadores atuam como ferramentas para medir o desempenho da organização em relação à estratégia por ela previamente determinada. Logo, seguindo o raciocínio de Deming, é necessário:


1) Entender o que se quer medir: Para isso, é fundamental compreender o processo como um todo. Lembrando que um processo nada mais é do que o sequenciamento de atividades com o objetivo de transformar algo e atribuir-lhe maior valor agregado. Logo, um processo conta com uma entrada, uma saída e insumos (recursos humanos / materiais). Uma excelente metodologia para o mapeamento de processos é a chamada BPM ou "Business Process Modeling", a qual abordarei com maior profundidade em outro artigo.

2) Definir objetivos e metas adequadas: Entender toda cadeia de produção permite definir objetivos específicos em determinadas etapas deste fluxo (redução de tempo de processamento, redução de refugos, redução de desperdícios, etc), bem como objetivos mais amplos (redução de reclamações de clientes, redução de acidentes de trabalho / ambientais, etc). A partir do momento que se compreende todo o processo, cabe a Alta Administração da organização estabelecer objetivos estratégicos visando maximizar os lucro e evitar prejuízos, mirando na otimização de seus processos e na eliminação / mitigação dos riscos inerentes às suas atividades mais críticas. Uma técnica eficiente para estabelecer objetivos estratégicos é a chamada BSC ou "Balanced Scorecard", que pretendo abordar oportunamente em futuros artigos.

3) Medir os resultados: Os resultados são medidos, conforme periodicidade pré-definida, através de indicadores relacionados aos objetivos e metas estratégicas estabelecidas pela Alta Administração, chamados de KPI (Key Performance Indicator). Para o caso dos indicadores estratégicos da área de saúde e segurança, aconselha-se adotar indicadores Reativos e Proativos, aplicando a metodologia SMART para sua validação, como veremos a seguir.

4) Gerenciar por meio de analise crítica: Compete à Alta Administração analisar criticamente os resultados, expressados através dos indicadores estratégicos, e (re)planejar seus objetivos ou então mantê-los e rever suas metas. A análise crítica consiste na avaliação causal, ou seja, na interpretação do que há por detrás dos números e que levaram a tal resultado. Se cabível, ações específicas podem ser executadas para sanar problemas pontuais ou, num contexto mais amplo, um plano de ação detalhado.

Repare que os passos acima abarcam o mesmo conceito do Ciclo PDCA (intrínseco aos sistema de gestão integrado), ou do Ciclo DMAIC (mais aplicado no âmbito de gerenciamento de projetos, lean management e six sigma):


Ciclo PDCA x DMAIC

Indicadores REATIVOS e PROATIVOS


Na área de Saúde e Segurança, o estabelecimento de indicadores estratégicos é fundamental. Eles se traduzem em indicadores "reativos" e "proativos" (também conhecidos como leading and lagging indicators em inglês). Mas o que eles significam exatamente?


Os indicadores reativos geralmente são orientados para as "saídas" dos processos, os resultados. São fáceis de medir, mas difíceis de influenciar. Já os indicadores proativos são normalmente orientados para as "entradas" dos processos, sendo mais difíceis de medir e de influenciar.


Para ilustrar melhor estes dois conceitos, tomemos como base um exemplo simples: um individuo tem como objetivo pessoal a perda de peso.


Um indicador "reativo", que é fácil de medir, pode ser expresso como a quantidade de acidentes com afastamento ocorridos em uma empresa em um determinado período. Mas como esta organização alcança seu objetivo maior que é a redução de seus índices de acidentabilidade? Apresento a seguir 2 exemplos de indicadores "proativos": 1) Taxa de correção de desvios; e 2) Taxa de treinamentos em saúde e segurança.


Estes dois indicadores são relativamente difíceis de medir e carecem de explicação para que possam exercer uma influência positiva na organização. A partir de uma agenda e protocolo de inspeções de campo bem executada, podemos identificar atos e condições inseguras e atuar de forma preventiva para corrigi-los antes que estes desvios se convertam em perda (acidentes). Os treinamentos com foco em saúde e segurança despertam a percepção de risco e reforçam a cultura de segurança no ambiente de trabalho, tendo como resultado trabalhadores mais conscientes e melhor disciplina operacional. Logo, caso estas medidas sejam bem implementadas e controladas a partir destes indicadores, a organização terá uma melhora sensível no desempenho de saúde e segurança e a redução de incidentes e sinistros.


Por fim, fazendo uma reflexão mais ampla do que tenho visto no mercado, a maioria dos indicadores de saúde e segurança implementados medem somente os resultados, ou consequências, dos esforços em prevenção. Estes resultados são fáceis de medir, mas como é possível influenciar o resultado? Quais são as ações que devem ser assumidas para alcançar o resultado desejado e o que deve ser medido para garantir que a performance medida permita a organização atuar de forma mais proativa? Sugiro pensar nesse artigo e rever seu quadro de indicadores operacionais, táticos e estratégicos de QSMS.



Referências


NETO, João Batista M. Ribeiro; DA CUNHA TAVARES, José da Cunha; HOFFMANN, Silvana Carvalho. Sistemas de gestão integrados: qualidade, meio ambiente, responsabilidade social, segurança e saúde no trabalho. Ed. Senac, 2008. 357 p.


CHAGAS, Ana Maria de Resende; SALIM, Celso Amorim; SERVO, Luciana Mendes Santos. Saúde e segurança no trabalho no Brasil: aspectos institucionais, sistemas de informação e indicadores. 2. ed. - São Paulo: IPEA; Fundacentro, 2012. 391 p.


TAVARES, José da Cunha. Noções de prevenção e controle de perdas em segurança do trabalho. 8. ed. - São Paulo: Senac, 2011. 144 p.


SAURIN, Tarcisio Abreu; FORMOSO, Carlos Torres; GUIMARAES, Lia Buarque de Macedo. Segurança e produção: um modelo para o planejamento e controle integrado. Produção. São Paulo. Vol. 12, n. 1 (2002), p. 60-71, 2002.

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